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Transforme sua redação jurídica utilizando técnicas de webwriting

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Atualmente as pessoas passam mais tempo em frente ao computador ou de um smartphone do que realizando qualquer outra tarefa.

Com uma infinidade de informações disponíveis a um clique de distância, não é fácil resistir à tentação de mudar de página quando a leitura se tornar entediante.

Por essa razão, é cada vez maior o número de profissionais que dedicam tempo e dinheiro estudando as melhores práticas para produção de conteúdo para a internet.

O texto não precisa ser apenas interessante, ele tem que comunicar o máximo de informações com o mínimo de caracteres.

Elabore suas petições com escaneabilidade

Elaborar um texto com escaneabilidade significa desenvolver o conteúdo de maneira que o leitor consiga absorver o máximo de informações com o mínimo de esforço.

Essa técnica tende a tornar o texto mais interessante, e consequentemente aumenta o engajamento do leitor com o conteúdo, prendendo a atenção dele.

Escrever com escaneabilidade, de forma bem resumida, é “quebrar” o texto, evitando parágrafos longos, utilizando intertítulos (ou subtítulos) e destacando os termos mais relevantes para a compreensão do conteúdo.

Mas o que isso tem a ver com a redação jurídica?

Bem, em primeiro lugar é bom que todos tenham em mente que a advocacia também evolui.

Saber português não é diferencial na redação jurídica

Hoje em dia não basta dominar a norma culta da língua portuguesa ou escrever com todas as formalidades para ser um bom Advogado.

O processo digital é uma realidade em praticamente todo o país. Isso significa dizer que os profissionais que analisam os pedidos dos Advogados estão na mesma condição outros usuários da internet.

Em outras palavras, os servidores do judiciário também ficam navegando entre diversas abas, ainda que por dever de oficio precisem se atentar a determinada tarefa.

A escrita para internet não é diferente apenas por que a concorrência e a quantidade de informações disponíveis são muito grandes.

Ler no computador ou na tela de um smartphone é mais cansativo. Por isso é importante que os textos tenham escaneabilidade.

Com a redação jurídica ocorre o mesmo. Os servidores do poder judiciário leem o dia inteiro, o que é bastante cansativo.

Advogado escreve muito, e juiz não tem tempo para ler

Segundo dados do ConselhoNacional de Justiça, em 2017 cada juiz brasileiro julgou 7,2 processos por dia útil trabalhado, em média. Não é novidade para ninguém que em muitos casos o juiz sequer leu o nome das partes, quem fez o trabalho foi seus assessores,escreventes técnicos judiciários, e em alguns casos, o estagiário.

Onde eu quero chegar com isso?

A redação jurídica precisa se transformar. O juridiquês já não convence mais ninguém.

O ministro Luís Roberto Barroso, em palestra recente afirmou que “Precisamos criar uma cultura de objetividade”.

Assim, além da escaneabilidade, é preciso escrever de forma a convencer quem não tem tempo para analisar os detalhes minuciosos de cada processo.

Veja abaixo 5 conceitos aplicáveis ao webwriting que podem ser muito bem explorados na redação jurídica.

1.   Objetividade

Essa já era de se esperar, mas ainda tem muito Advogado que escorrega feio no quesito objetividade.

Afinal,você não precisa redigir toda uma jurisprudência, doutrina e ainda rezar três Ave Maria para tentar convencer o magistrado.

Seno ambiente online a quantidade de conteúdo pode ser um fator para o leitor decidir mudar de página, no judiciário isso também acontece. A questão não é que ele vai procurar um processo mais legal para ler, ele só não vai dar a mesma atenção ao seu processo.

2.   Use frases curtas

Frases muito longas são extremamente cansativas de se ler. Escreva frases curtas, entre 25 e 30 palavras, não muito mais do que isso.

É bem diferente você ler uma frase longa no começo do dia,quando você está descansado, do que quando o expediente está acabando e você só vai terminar aquele processo para ir embora.

Frases curtas e na ordem direta (sujeito – verbo – predicado), devem ser a primeira opção.

3.   Linguagem simples

Esse conceito é facilmente confundido com o conceito anterior, mas são coisas diferentes.

Escrever em linguagem simples significa evitar a utilização de palavras difíceis que prejudiquem o entendimento do texto.

Isso porque, o servidor do poder judiciário não tem tempo para recorrer a um dicionário para entender o que você quis dizer.

Lembrem-se daquele conceito; menos é mais. Funciona muito bem, e não é porque a advocacia exige bastante habilidade argumentativa que você vai escrever uma dissertação de mestrado em todas as petições.

4.   Cadência

O desenrolar da história deve ser natural e levar a uma conclusão e, principalmente ao completo entendimento do pedido. Também deve haver conexão entre os elementos do texto de forma afazer que o leitor mantenha o interesse nos parágrafos seguintes.

5.  Referências e fontes dão maior autoridade ao texto

Claro que você não vai ensinar Direito ao magistrado, mas é incrível a quantidade de peças processuais que não trazem nenhuma fundamentação.

Deixar de citar doutrina e jurisprudência empobrece a qualidade do texto e enfraquece o poder argumentativo.

Lembrem-se, muitas vezes quem lê as petições não é o magistrado, e sim outros servidores do judiciário. Então, ter um argumento bem fundamentado pode significar o sucesso na causa, ou ao menos suscitar uma dúvida na mente do julgador.